segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

MITOLOGIA DO DESCOMPASSO - ZINE



Já está disponível o meu novo zine, A Mitologia do Descompasso.







Este zine é o quarto da série Manufatura que tem como característica principal contar histórias através de narrativas construídas somente através de imagens.

Neste número, foram feitos 38 desenhos com bico de pena e nanquim onde experimentei ao máximo as hachuras como recurso expressivo. Quanto ao tema, o desafio a que me propus foi investigar a origem das figuras de madeira que são características de meus trabalhos, principalmente nas pinturas.
A história é dividida em três partes: um epílogo, as Pranchas da Mitologia do Descompasso e o Prólogo.

Durante o processo de criação do zine, além dos desenhos, foram feitas diversas pinturas a óleo (com o intuito de elaborar os personagens e de recriar algumas cenas da narrativa) e duas gravuras água forte.

Foi produzida também uma versão da Mitologia do Descompasso em livro em capa dura, com material extra e uma gravura com tiragem de 50 edições.

O zine tem tamanho A5, 88 páginas e foi impresso de modo totalmente independente em papel gramatura 90.

Esta primeira edição tem 250 cópias e pode ser adquirida diretamente comigo por R$ 14,00 (R$ 12,00 + R$ 2,00 de envio para qualquer lugar do Brasil). 

O primeiro lançamento do zine foi em Porto Alegre no 2º Faça Você Mesmx Zine Festival no dia 1º de dezembro de 2013.

O lançamento em São Paulo será no SPHC FEST XV no dia 21 de dezembro.

domingo, 3 de novembro de 2013

A MITOLOGIA DO DESCOMPASSO - LIVRO CAPA DURA




A Mitologia do Descompasso é uma narrativa ilustrada feita através de 38 desenhos em bico de pena e nanquim. 

Nesta narrativa propus investigar a origem e significados das figuras (gigantes?) de madeira que estão presentes nas minhas pinturas a óleo.

Além dos 38 desenhos, a narrativa expandiu-se em pinturas a óleo e gravuras. As pinturas foram feitas com dois objetivos principais, construir e elaborar personagens e retratar cenas emblemáticas da narrativa. Foram produzidas duas gravuras água-forte para a narrativa. Uma será encartada na versão nesta versão capa dura e a outra será vendida separadamente.

A Mitologia do Descompasso será publicada em duas versões. Uma em formato de livro capa dura, com tiragem limitada de 50 cópias, incluindo uma gravura água-forte e extras da produção.  A outra versão será em formato zine, com 250 cópias e com somente a narrativa ilustrada. 

Pretendo de fazer uma exposição com todo o material em 2014. Nos lançamentos que serão feitos do zine e livro (o primeiro no dia 01 de dezembro em Porto Alegre) levarei algum material desta produção, provavelmente as telas a óleo menores.

Sobre a versão em capa dura.

A versão da Mitologia do Descompasso em capa dura foi feita através de várias etapas.
Suas folhas foram impressas em diferentes tipos de papel, digitalizadas, cortadas, ordenadas individualmente e finalmente costuradas e encadernadas em uma tipografia. 

O livro traz 38 páginas da narrativa ilustrada e uma sessão de 16 páginas com rascunhos e textos contando sobre o processo de produção e considerações sobre a Mitologia do Descompasso.

Além disso, foi encartada uma gravura água-forte feita especialmente para esta edição. O processo de produção de uma destas gravuras pode ser acompanhado pelo vídeo feito pelo jornalista Márcio Sno. 


A capa foi fabricada em uma tipografia, com as letras e uma ilustração desenvolvida em clichê através de “Hot Stamp”.  

Cada um dos 50 livros em capa dura será assinado e não haverá republicação desta edição.








Abaixo o vídeo retrata a produção da gravura feita para a Edição. Direção de Márcio Sno.



Mitologia do Descompasso from Márcio Sno on Vimeo.




segunda-feira, 14 de outubro de 2013

CADERNOS DE MACEIÓ




Em abril deste ano (2013) passei 7 dias em Natal ( RN ) e tive neste uma rica estadia em termos de vivência, trocas culturais e na sedimentação da amizades (algumas já iniciadas a partir de trocas de cartas, emails e etc).

Logo que retornei desta viagem para São Paulo comecei a pensar em qual seria o próximo destino tendo em vista que teria umas semanas de folga no segundo semestre. Não foi muito difícil decidir que iria para Maceió, no estado de Alagoas, local onde passei cerca de oito dias no início de setembro.

A escolha por Maceió se deu por vários motivos. O primeiro foi o de que um dos meus grandes amigos (o artista e zineiro) Daniel Hogrefe morou por lá, e volta e meia nossos assuntos se bandeavam para aqueles lados. A partir desta amizade acabei por conhecer e me tornar fã de um dos melhores blogs de cultura do Brasil, o Sirva-se, representado em Maceió por uma série de amigos e capitaneado pela figura de Luís “Buzugo”, inquieto agitador cultural da cidade. É obvio que pesou também em minha escolha o fato do litoral de Alagoas ser um dos mais belos do mundo, onde poderia além de nadar, pintar e desenhar algumas paisagens no meu caderno.



Alguns meses antes de minha viagem, tentamos articular uma oficina e uma palestra sobre zines em um equipamento cultural da cidade que acabou não se viabilizando por questões diversas.  Por sorte, neste período haveria um evento em comemoração dos seis anos do espaço “Quintal Cultural”. O espaço situado na periferia de Alagoas é palco de resistência e ativismo cultural recebendo muito das manifestações autênticas da cultura local e também de outros estados. 
 



Foi neste contexto, ao lado de apresentações diversas como a do grupo de reggae Macaco Sound System e do rap da Família Todos Um, que fiz uma roda de conversa com o tema “Panorama dos zines e publicações independentes”. Graças a este evento pude conhecer o outro lado da cidade que geralmente é escondido dos visitantes, além de travar contato com parte das pessoas que fazem a cultura ou cena independente acontecer, através do punk, do hardcore, do rap, do reggae e também é claro dos produtores de zines locais.

Neste evento conheci pessoalmente Pedro Lucena, um brilhante artista local. Nas conversas com Pedro tive um contato mais apurado com seu trabalho que entre outras influências dialoga com o artesanato produzido na Ilha do Ferro em Alagoas (localidade que certamente quero conhecer em um futuro breve). Um assunto que conversamos e que me trouxe certa inquietação pessoal foi sobre as manifestações culturais típicas do nordeste, tão ricas e autênticas. A inquietação pessoal se deu ao questionar-me qual seria a cultura típica e regional da região e época em vivo, a São Paulo contemporânea. O assunto dá pano pra manga, poderia ser tema uma para postagem exclusiva, ou até mesmo uma tese.

 

Uma outra face desta viagem foi a de alguns passeios por lugares mais turísticos. Um dos passeios que fiz foi até a cidade de Piranhas, na divisa com Sergipe. Nesta localidade foi morto Lampião e outros cangaceiros dando origem à emblemática foto das suas cabeças cortadas. Pude observar que é paradoxal e delicado o entendimento da questão do cangaço na região. Por vezes Lampião é visto como vilão, por vezes como herói, não me cabe fazer juízos, mas se for observado mais atentamente o panorama político do estado e as diferenças sociais marcantes, começam a aparecer algumas pistas que podem auxiliar no entendimento desta questão. 

 

  
Desenho baseado na foto mítica
das cabeças cortadas do bando de Lampião.
Tive o privilégio de visitar alguns lugares paradisíacos: praias, o Rio São Francisco, formações rochosas, cânions e fatiados. Fiz alguns desenhos e muitas anotações e reflexões em meus cadernos. As formações rochosas em especial puderam encaminhar alguns pensamentos que já tinha e que trata sobre a relação entre as formações e elementos naturais geográficos e a criação das mitologias. Uma parte destas discussões será publicada no meu novo zine (Mitologia do Descompasso). A foto e a aquarela abaixo tentam representar um pouco sobre isso, a foto de um paredão no Rio São Francisco e uma interpretação das figuras que consigo imaginar nestas formações.

 

  




 
Esta minha segunda viagem ao nordeste do Brasil me fez pensar especialmente no quanto podemos crescer ao nos deslocarmos de onde vivemos para outros lugares e conhecer outras realidades avaliando as semelhanças e diferenças dentro de um mesmo território (a que resolveram denominar Brasil).

 Outra percepção que tive foi a respeito da cultura punk/hc hardcore, e suas expressões musicais ou impressas (zines) que conseguem romper paradigmas, possibilitando-me e dando-me motivos para conhecer novas pessoas, outros lugares e o mais importante: estabelecer vínculos de amizade e fraternidade, superando barreiras de qualquer espécie.

Agradeço a todos que encontrei na minha estadia, em especial ao Luís Buzugo, Hew Barreto, João Marcelo Cruz e Bárbara Pacheco pelo suporte incrível e generoso que me deram.

  

  

  
 Carranca.


 


sábado, 11 de maio de 2013

MITOLOGIA DO DESCOMPASSO - PROCESSO I


A Mitologia do Descompasso é um projeto pessoal que me propus a fazer no ano passado para tentar investigar qual a origem das figuras “de madeira” que são bem características em minhas telas.

Logo de início decidi que faria um zine nos moldes do Manufatura, ou seja, uma narrativa de imagens. Desta vez optei por fazer os desenhos com bico de pena, até agora fiz cerca de dez desenhos e a narrativa deve possuir entre 25 e 40 pranchas. Além do zine, repetirei o que fiz no zine EndoApocalipse, ou seja, lançarei também um livro capa dura que virá com uma gravura inclusa, neste caso uma água forte que já estou imprimindo.

Além do zine e do livro, venho pintando algumas telas, que ajudam a expandir meu entendimento do que seria o universo da tal Mitologia. Uma novidade é que tenho pintado também pequenos pedaços de tecido para tela (sem moldura), que me ajudam a definir os personagens que comporão a narrativa. Tenho feito também desenhos e esboços em cadernos ou papéis soltos.

Resolvi compartilhar o processo de criação de um dos personagens que foi definido após idas e vindas em cadernos, pinturas em óleo e esboços à lápis.

O personagem faz parte de um conjunto de três, cujas estruturas são baseadas em alguns polígonos.

 
 
O trio de personagens aparece em um dos esboços feitos no meu caderno.

Página do zine em que o personagem aparece.

 
Primeira definição do personagem em óleo. Não gostei do tom da pintura, achei que ficou muito dramática com relação às outras e não ficou bem resolvida a questão da estrutura em forma de triângulo.

 
Nesta época troquei de caderno e fiz um registro (cômico?) da obsessão pelos polígonos.

 
Nestes esboços em bico de pena no caderno percebi a causa do problema, estava tentando encaixar a estrutura de pirâmide em um corpo retângular. A solução foi tentar fazer a estrutura do corpo também em forma de triângulo.



 
Neste estudo à lápis consegui definir a estrutura correta e eliminei os vestígios humanos. Consegui também aproximar a figura de um formato de torre que me agradou e um tom mais silencioso que era o que procurava realmente.